domingo, 26 de abril de 2009

Poeira Vertical V


10. Para alem de mim…

Será que
Ngungunhane
Tchaka Zulu
algum dia amaram

e assumiram perante a sociedade??

11. Seca reflexão


De que mais nos serve a natureza?
Se a chuva só trás doenças
desaloja famílias
estampa a dor.

De que mais nos serve o sol?
se só activa o processo de putrefação
das migalhas nutritivas que nos restam.

De que mais nos serve o nosso mar?
se somente outros países tiram dele proveito
banha-se nas suas águas
surfam nas suas gigantes ondas

De que mais nos servem os rios?
se somente estrangeiros criam barragens
usurpam suas riquezas.

De que nos serve o ar,
comportando grãos de poeira
que nos envenenam os pulmões

De que mais nos servem as nossas praias?
Se somente indivíduos de farta posse se refrescam

De que mais nos servem nossas reservas?
Se boers sem senso
desfrutam momentos de ócio
aniquilando nossas riquezas

De que nos servem as dividas externas contraídas?
se não se verifica mudança em nenhum sector.

De que nos servem as nossas açucareiras (?)
se toneladas de açucar passam a fronteira diariamente
e nos estrangulam os bolsos.

De que nos serve o arroz de Chokwé (?)
se a China é a nossa eterna machamba

De que mais nos servem as fábricas (?)
se operários são mensalmente
abandonados à sorte.

De que mais nos servem os tribunais (?)
se a justa consciência se extinguiu
doando a capacidade de analise a moeda.

De que nos serve a política (?)
se só torna os ricos mais ricos
e deixa pobres no total desespero

De que nos serve a policia (?)
se vivemos sem proteção alguma

De que nos servem as leis (??)
Se……

De que mais nos servem os hospitais (?)
se as doenças já não tem cura.

De que nos serve a felicidade (?)
se ninguém mais a sente…

De que nos serve o amor (?)
se só nos doa segundos alegres de ilusão
e anos de eterna magoa.

De que mais nos serve a vida (?)
Se esta só nos pune de sol a sol.


12. Testamento

Neste testamento oral que profiro
Não deixarei a missão de alastrar guerras,
na conquista de terras para o vosso vasto império.
Não deixarei firmes flechas pontiagudas
prontas a banharem-se de sangue.
Não deixarei a magoa,
o batimento de rancor
em vossos ainda supostos corações.
Não deixarei o sofrimento que herdei dos meus.
Não deixarei a fome,
que estampou a minha geração
e ainda estremece a de hoje.
Não deixarei uma palhota.
Não deixarei uma triste machamba,
de milho parasitado e secas hortícolas.
Não deixarei uma fedorenta vazia capoeira.
Não deixarei uma esteira.
Não deixarei nove viuvas bebidas de tecido negro,
e dezenas de fedelhos
espelhos do sofrido continente;
Deixo um sol de infinitos raios
o amor
a esperança
que seguram-me até este momento de despedida.


2 comentários:

Backstageel disse...

Aló Mano...
Parabéns pelo Update... Pelos vistos valeu a pena esperar
Quanto ao primeiro, claro que Tchaka Zulu e Ngungunhana amaram, como você... agora se eles assumiram publicamente, o meu livro de história não diz...
Abraços

EPM disse...

Então meu irmão!
Imagino que os Ngungunhanas e os tais amaram,
agora! para o seu saber, assumir publicamente não é pela madrugada gritar que ama no seu quarto perante a companhia da suposta amada quando...
Conselho: Diz ai o nome da(o) amada(a).