terça-feira, 5 de maio de 2009

Poeira Vertical VI

13. Perdas II

Tambores
Karinganas
Xigubo
Makwaela
abandonam África
no sol de cada geração.

14. Certeza


Sei que o divórcio
inicia nos seios de uma cabra,
querem que assuma sua doçura
imue a milenar mania das Ritinhas??

Arrastem intervalos de pureza a reflexão.
Desculpas amorosas cheiram a Judas.

15. Poeiras escritas

Poeiras escritas
domam os olhos meus
...
Vasculhando
jornais
revistas
fichas
papeis e mais papeis
a dura combinação de consoantes e vogais
cuspe a cada edição
lágrimas
sangue
estupros
sequestros
sacrificadas vidas humanas
e várias lamentações
sujam as diversas colunas informativas.


domingo, 26 de abril de 2009

Poeira Vertical V


10. Para alem de mim…

Será que
Ngungunhane
Tchaka Zulu
algum dia amaram

e assumiram perante a sociedade??

11. Seca reflexão


De que mais nos serve a natureza?
Se a chuva só trás doenças
desaloja famílias
estampa a dor.

De que mais nos serve o sol?
se só activa o processo de putrefação
das migalhas nutritivas que nos restam.

De que mais nos serve o nosso mar?
se somente outros países tiram dele proveito
banha-se nas suas águas
surfam nas suas gigantes ondas

De que mais nos servem os rios?
se somente estrangeiros criam barragens
usurpam suas riquezas.

De que nos serve o ar,
comportando grãos de poeira
que nos envenenam os pulmões

De que mais nos servem as nossas praias?
Se somente indivíduos de farta posse se refrescam

De que mais nos servem nossas reservas?
Se boers sem senso
desfrutam momentos de ócio
aniquilando nossas riquezas

De que nos servem as dividas externas contraídas?
se não se verifica mudança em nenhum sector.

De que nos servem as nossas açucareiras (?)
se toneladas de açucar passam a fronteira diariamente
e nos estrangulam os bolsos.

De que nos serve o arroz de Chokwé (?)
se a China é a nossa eterna machamba

De que mais nos servem as fábricas (?)
se operários são mensalmente
abandonados à sorte.

De que mais nos servem os tribunais (?)
se a justa consciência se extinguiu
doando a capacidade de analise a moeda.

De que nos serve a política (?)
se só torna os ricos mais ricos
e deixa pobres no total desespero

De que nos serve a policia (?)
se vivemos sem proteção alguma

De que nos servem as leis (??)
Se……

De que mais nos servem os hospitais (?)
se as doenças já não tem cura.

De que nos serve a felicidade (?)
se ninguém mais a sente…

De que nos serve o amor (?)
se só nos doa segundos alegres de ilusão
e anos de eterna magoa.

De que mais nos serve a vida (?)
Se esta só nos pune de sol a sol.


12. Testamento

Neste testamento oral que profiro
Não deixarei a missão de alastrar guerras,
na conquista de terras para o vosso vasto império.
Não deixarei firmes flechas pontiagudas
prontas a banharem-se de sangue.
Não deixarei a magoa,
o batimento de rancor
em vossos ainda supostos corações.
Não deixarei o sofrimento que herdei dos meus.
Não deixarei a fome,
que estampou a minha geração
e ainda estremece a de hoje.
Não deixarei uma palhota.
Não deixarei uma triste machamba,
de milho parasitado e secas hortícolas.
Não deixarei uma fedorenta vazia capoeira.
Não deixarei uma esteira.
Não deixarei nove viuvas bebidas de tecido negro,
e dezenas de fedelhos
espelhos do sofrido continente;
Deixo um sol de infinitos raios
o amor
a esperança
que seguram-me até este momento de despedida.


terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Doce Poeira - Natal

Feliz Natal Moçambique....!!!!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Poeira Vertical Diaria IV

6. Futuro inexistente

Os fragmentos de um futuro
habitam o sonho,
interligando-se lentamente
até constituirem a morte,
para a classe alvo de pseudo-discursos
nas eleitorais campanhas,
do rovuma a ponta de ouro.

7. Esperança

Sobrevivo, de mãos dadas aos vivos.
Vivo na vespera da vida,
com a orgia aos multiplos
de sol a sol.
Mas nada disto será vida
nesta única identidade
que resta do que sou,
pele sangue negro
chamo futuro.

8. O oposto da face

Na fogueira de um arepiante Kanringana,
há e sempre haverá uma sólida lição.
Nas barbas do crucifixo,
há e sempre haverá almas derramando sangue.
No epicentro de uma forte tribo,
há e sempre havera um saudável lider.
Nas entranhas de um estripador artigo,
há e sempre haverá um fundo de nós.
Nas costas de uma sentenciada morte,
há um vacúo, mas para o sempre haverá?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Poeira Vertical Diaria III

5. Retrato

Tenho a pele escura
da panela que sai da lenha
e alma branca
como a xima que esta cozeu.

Tenho a voz do penúltimo supiro
de quem sucumbi a beira da morte

Incomodo o escuro fiel dos feitiçeiros
como faz o sol incansavelmente

Sou o incomodo balanço anual
das empresas e fábricas nacionais
recheadas de corruptos

Sou uma porção de merda
nesta pacifica sociedade,
porque tenho a impaciente duvida
em várias nacionais certezas.


terça-feira, 2 de setembro de 2008

Poeira vertical diaria - parte II

3. Satisfação desgraça

Cheira a satisfação
ar rico, de felecidade prazer
corpo e alma invejado paraiso
...todas luas

(Somente nas esteiras podeis alcançar vossa felecidade?)

Sois estúpidos...
continuais arquitectando milhares de fedelhos
conscientes das febres terrenas
das não regradas dietas forçadas
de tudo que se resume neste pobre sistema nacional,

que nem crianças perdoa.


4. Bagagem (esfolando-me)...

A taça amarga paira no ar

Entenda o que esta em mim
para alem do preto cidadão comum

Na poeira destes mal escritos sentimentos
descarrego 3 gramas de injustiça
cavando a minha triste sepultura
pelas gerações de hoje e vindouras
pois sou viciado pela justiça
feito ricas putas pelo caralho.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Poeira vertical do dia-a-dia

Nesta saga da poeira vertical do dia-a-dia, pretendo partilhar as poeiras verticais distribuidas mz ruelas adentro (atentos a saga...)

1. A dor

Nem
dor de uma viúva traida
o desconforto de uma maca
a intensidade de uma agulha
o roer da sifílis tesa
a brutal tareia matinal das cadeias


o terceiro efeito da pobreza,
roça o mais défice obstaculo
no desespero mensal de uma cólica.

2. Tantos e tantos

Há tanto peixe
tanto camarão e outros mariscos
em abundância nos nossos mares

Há tantos estomagos
narrando o karingana da fome
vezes sem conta, nestas ruelas adentro.